O mês de Agosto de 1988, foi terrível para Portugal, pelo menos na altura assim se ouvia falar.
No dia 25 de Agosto, Portugal acorda com a notícia que o Chiado estava a arder, lembro-me que a minha mãe deu-me a notícia deviam ser umas dez da manhã e o inferno já tinha começado umas quantas horas antes, mais propriamente perto das cinco da manhã. Fiquei em estado de choque... nesse dia não se ouvia falar de mais nada. Para além de um dia com um calor abrasador, a televisão mostrava a visão horrível de ver tanta história, tanta vida assim a desaparecer como que por magia...mas uma magia das que não gostamos de ver.
Uma situação destas só aconteceu porque a prevenção, nunca foi pensada e estudada como devia ser, os pavimentos da maioria destas casas eram de madeira(ainda hoje isso acontece em alguns sítios da baixa pombalina), sem falar é claro de outros graves problemas.
Aquele sítio para mim era especial, sempre que por lá passava, imaginava a quantidade de histórias passadas naquele local, as damas e os cavalheiros a passearem-se no passeio público, cada recanto, cada parede...tudo tinha de certeza algo para contar, um segredo escondido.
Para além disso, como ficavam agora as 1300 pessoas que trabalhavam naquele sítio...neste incêndio, arderam 7000 metros quadrados, 67 foi o número de empresas afectadas, ficaram 37 pessoas desalojadas, 73 feridos e dois bombeiros mortos.
No domingo a seguir fui lá com os meus pais, era impossível de me conseguir controlar, as lágrimas caiam - me cara abaixo, o cheiro era pavoroso .... olhava para a cara das pessoas, que tal como nós queriam confirmar o que pensavam que era apenas um sonho mau, mas o desalento por ver desaparecer algo de tão belo não enganava ninguém.
Ao longo dos anos fui acompanhando o renascer do Chiado, mas nada voltará a ser como antes...
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